domingo, outubro 10

Daniel Sampaio na Livraria Arquivo


Daniel Sampaio vai estar na Livraria Arquivo dia 27 de Outubro, às 18h30, para apresentar Memórias do Futuro - Narrativa de uma família. Leia abaixo pequena entrevista ao psiquiatra publicada no Jornal de Letras.

Com 78 anos de idade, o narrador e personagem principal deste novo livro de Daniel Sampaio é um dia confrontado com uma situação comum a muitos homens da sua idade – o casamento de um neto. Convidado para a festa, feliz por não ter sido esquecido, parte para uma longa viagem mental nas profundidades da sua memória. Começa por esse neto, Afonso, que o fez sentir velho pela primeira vez, aos 60 anos; aqui recupera a memória de Luísa, a colega na escola onde ambos ensinavam e partilhavam projectos e sonhos profissionais; recua até aos 40 anos, à figura de Mariana, sua mulher e companheira de sempre, mas que por esta altura da vida o confronta com a fragilidade das relações humanas, a começar pelo amor; e enfim, chega aos 20 anos, à adolescência e à juventude, onde tudo começa, para o bem e para o mal.

«Recordar é Viver
“Uma obra que salienta o papel da família ao longo dos vários ciclos da vida”. Eis como Daniel Sampaio, 64 anos, descreve ao Jornal de Letras (JL) o seu novo livro, Memórias do Futuro – Narrativa de uma Família. (...)
“Estamos sempre a pensar no futuro e no passado”, sublinha o escritor, para explicar o exercício de memória do protagonista.
Daniel Sampaio não esconde, aliás, uma certa identificação com alguns momentos da vida da personagem, ao ponto de certas passagens, destacadas a itálico, serem assumidamente autobiográficas.
Mas não é so aquo que o conhecido psiquiatra ‘entra’ no romance. Este avô recorrerá por duas vezes às suas consultas, introduzindo no romance uma componente clínica e reflexiva, à semelhança do que encontramos nos vários livros que o especialista em problemas dos jovens e suas famílias tem publicado, como Inventem-se Novos Pais, Voltei à Escola, Que Divórcio? ou A Razão dos Avós. Desta forma, Daniel Sampaio procura mostrar a “importância da intervenção clínica nos momentos de crise”.

Jornal de Letras: Como surgiu este livro?
Daniel Sampaio: Tenho reflectido muito sobre a condiçlão de ser avô ou avó. Mas neste caso achei que não devia falar apenas da relaçao entre avós e netos, como fiz em outros livros. E surgiu-me ficcionalmente este avô que recorda a sua vida, sendo que esta história não se prende com o facto se ser avô. É apenas um homem de 78 anos que recua nas suas memórias.

Um exercício de memória que é também o seu, já que as passagens são assumidamente autobiográficas.
Acabou por ser. À medida que me fui criando a vida de protagonista, que é 14 anos mais velho do que eu, recuei às décadas que também foram as mais marcantes da minha vida, o anos 60, 70 e 80. Por isso, há sempre um contrponto entre o meu percurso e o do portagonsita. Não foi um processo previsto, mas que de certa forma se impôs.

Foi um livro nesse sentido mais desafiante?
Sim. Até porque este não é um livro técnico, nem escrito por um psiquiatra, embora a minha actividade como terapeuta familiar e de casais esteja presente. O desafio foi precisamente escrever uma obra mais próxima da ficção. Claro que a minha experiência de 35 anos tem a sua influência. E resolvo isso pondo o Daniel Sampio terapeuta a entrar no livro, que nunca tinha feito. Aquilo que quero dizer de uma forma mais técnica é o Daniel Sampaio que diz e não o protagonista, que popositadamente não tem nome. A ideia é que ele possa ser uma pessoa qualquer.

Podemos ler este livro como uma defesa da importância da família?
Completamente. As relações familiares são o que de mais importante temos. A família não é sempre uma coisa boa, pode ser um suporte, mas também um espaço de tensões. E o livro quer demonstrá-lo.
É muito importante a relação entre o avô e o neto, mas ele teve dificuldades quando o neto estava na adolescência e desafiava os pais. A relação com a sua mulher é muito importante, mas teve uma situção difícil, de traição e desconfiança, um momento de quase ruptura do casal. (...)» in Jornal de Letras n.º1044, de 6 a 19 de Outubro de 2010.

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