segunda-feira, abril 19

Adoecer


«(...) Adoecer, constituído exclusivamente por personagens reais, nao se alimenta da realidade social, como se tratasse de mais um romance histórico, mas da exposição e vivência de paixões que aclaram e ensombram a alma das personagens. É um romance não sentimental, mas de sentimentos genuínos, que intenta resgatar a vida de Lízzie, personagem principal, seja pela eternidade da arte, iluminando-a, seja pela manifestação de uma personalidade singular entre os pré-rafaelistas, eles próprios cúmulo da singularidade na Inglaterra de meados do século XIX.
(...) Este novo romance de Hélia Correia deveria ser de obrigatória leitura para todos os aspirantes à arte da escrita literária, não para ser imitado, mas para que todos tomassem consciência da diferença abissal entre o realismo descritivo, primeiro patamar da escrita de um romance, e a obra de arte. Neste sentido,publicado quando o romance português é maioritariamente realista, Adoecer - título de profunda auto-referencialidade para a autora e, admitamos, catarse e expurgo -, afirmando o imperativo da intemporalidade e da independência da arte face à realidade conjuntural,não podia ser mais actual, demarcando com nitidez as fronteiras entre a pulsão, o trabalho e o resultado estéticos e a mera descrição sociológica e documentaristica da vida social, que hoje passa, aos olhos do leitor incauto, por romance de costumes.(...)» Miguel Real, em Os dias da Prosa, Jornal de Letras n.º 1030, de 24 de Março a 6 de Abril 2010.

Título: Adoecer
Autora: Hélia Correia
Editora: Relógio d´Água
Ano de edição: 2010


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