quinta-feira, dezembro 2
Hoje há contos à tardinha...
«Para aquela princesa, perder a sua fada madrinha fora o pior que lhe podia ter acontecido. Primeiro, porque não pensava ser possível perder alguém que a acompanhara na sua vida, amando-a, guiando-a, apoiando-a, incentivando-a e até ralhando-lhe quando era preciso. Depois, porque, como era sabido em todo o reino, é muito difícil a recuperação após uma perda daquelas, e a jovem era sensível e delicada.
A princesa passava os dias mergulhada num estado de dor que a embriagava e numa saudade que a fazia perder o contacto com a vida.
Sentido-se vazia, desamparada e sem forças, procurou a fada madrinha nos fins de tarde, mas não a encontrou. Procurou-a nas tarefas que cumpriam juntas, mas não a controu. Procurou-a nos sorrisos, mas não a encontrou.
Tudo o que encontrava, ao procurá-la à sua volta, numa esperança vã de a reaver, era dor, saudade e sofrimento.
Os reis assistiam a tudo isto sem poder intervir, pois também era sabido por todo o reino que a recuperação tem de ser sentida por cada um. O problema é que não resistiam a dar-lhe conselhos, não resistiam a desafiá-la para actividades que, para ela, não tinham qualquer interesse, não resistiam a resgatá-la. E, como ele, todos os que a rodeavam faziam o mesmo, embora sem qualquer sucesso.(...)» (retirado de "Brincar com Coisas Sérias", pg. 41.
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