segunda-feira, maio 24

Esta semana


ACERCA DO LIVRO:
«Os testemunhos recolhidos neste livro mostraram-me que não sou a única a sentir que “morrer é só não ser visto”. São relatos de quem passou pela perda e que, em vez de cruzar os braços e se render à tragédia, se predispôs a procurar um sentido para a dor e uma saída para a luz. Cada um no seu tempo, cada um no seu ritmo, todos eles contaram como fizeram o luto – e como o fazem ainda -, onde vão buscar forças, em que ponto é que quebram, como vivenciam a perda e, sobretudo, como é que superam tantas saudades... A curva poderá não ser a mesma para todos e, sobretudo ao princípio, pode parecer tão apertada que negamos que possa seguir para algum para outro lugar. Mas, como diz o poeta, «Nunca ninguém se perdeu, tudo é verdade e caminho.

O luto foi duro, demorado, difícil. Eu tinha trinta e dois anos e o Pyppo estava a um mês de completar trinta e três. A meias, tínhamos uma filha com cinco anos e um filho a caminho dos dois. Nunca, até então, a morte tinha sido tão implacável, tão definitiva, tão trágica. De um momento para o outro, deixou-me sem chão, sem marido, sem pai, sem as canções que embalavam o sono dos filhos, sem abraços, sem companhia. E, no entanto, eu sabia -e, acima de tudo, sentia – que o Pyppo não tinha morrido, mas apenas mudado de latitude, de vibração, de frequência e que, de onde quer que estivesse, velaria por nós.

«A morte é, hoje em dia, um tabu muito maior do que o sexo. E, por isso, as pessoas espantam-se quando alguém fala sobre a morte, quando alguém fala abertamente sobre a morte, as pessoas acham que há ali qualquer coisa que não está certa e eu tenho muita experiência disso.» José Luís Peixoto

«Se uma perda é difícil, imagine-se o que não é perder a família inteira! Entrei em fase de negação. Não queria acreditar, não podia acreditar que fosse verdade. Como é que aquilo tinha acontecido?! A par da negação, sentia uma raiva enorme. Como é que eles se tinham ido embora todos sem mim?» Maria Costa.

 
ACERCA DA AUTORA:
Inês de Barros Baptista nasceu em Lisboa a 29 de Dezembro de 1966. Publicou o primeiro livro aos dezasseis anos, O Dia e a Menina Fada, vencedor do Prémio Revelação de Literatura Infantil da Fundação Calouste Gulbenkian. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas, pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. Trabalhou como jornalista durante vários anos, foi directora da revista Pais & Filhos e colaboradora da revista Pública. Ao longo dos últimos dois anos, publicou seis livros: Pede um Desejo, Os Dias da Luz, Quem era eu antes de Mim? O Tesouro da Moura Encantada, Indigo - o Mistério do Rapaz de Luz e O Cromossoma do Amor. É mãe da Francisca, do Lucas, da Madalena e da Luísa

quarta-feira, maio 19

Mário de Sá-Carneiro [Lisboa, 19 de Maio de 1890 – Paris, 26 de Abril de 1916]

MARIO DE SÁ-CARNEIRO
19 de Maio de 1890

Com uma cerveja fresca junto ao mar (o inferno hoje que fique todo para o Rimbaud), no aniversário de Mário de Sá-Carneiro...


Quase
Um pouco mais de sol ? eu era brasa,
Um pouco mais de azul ? eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe d´asa?
Se ao menos eu permanecesse aquém..
Assombro ou paz? Em vão? Tudo esvaído
Num baixo mar enganador d´espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho ? ó dor! ? quase vivido?
Quase o amor, quase o triunfo e a chama.
Quase o princípio e o fim ? quase a expansão?
Mas na minh´alma tudo se derrama?
Entanto nada foi só ilusão!
De tudo houve um começo? e tudo errou?
- Ai a dor de ser-quase, dor sem fim? -
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou?
Momentos d´alma que desbaratei?
Templos aonde nunca pus um altar?
Rios que perdi sem os levar ao mar?
Ânsias que foram mas que não fixei?
Se me vagueio, encontro só indícios?
Ogivas para o sol ? vejo-as cerradas;
E mãos d´herói, sem fé, acobardadas.
Puseram grades sobre os precipícios?
Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí?
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi?
Um pouco mais de sol ? e fora brasa.
Um pouco mais de azul ? e fora além.
Para atingir, faltou-me um golpe d´asa?
Se ao menos eu permanecesse aquém?

Paris, Maio de 1913


Nascido em Lisboa em 19 de Maio de 1890, Mário de Sá-Carneiro viveu a sua infância e adolescência de forma angustiada e solitária. Matriculou-se na Faculdade de Direito de Coimbra em 1911, mas não chegou a completar o primeiro ano, decidindo posteriormente ir para Paris, para a Sorbonne, com um objectivo semelhante, que novamente não viu realizado, não chegando a acabar o curso, devido aos problemas mentais e materiais que atravessou.

Foi, juntamente com Fernando Pessoa e Almada Negreiros, entre outros, um poeta de Orpheu, a conhecida revista portuguesa divulgadora das vanguardas artísticas e literárias de inícios do século XX que tanto choque e entusiasmo provocou em Lisboa no seio das elites cultas. No entanto, o seu estado mental deteriorava-se cada vez mais, situação que culminou com o seu suicídio, em 1916, no momento em que o terceiro número do Orpheu estava pronto para ser publicado.
A escrita de Sá-Carneiro, maravilhosamente profunda e reflexiva, é marcada por um tom intimista, assim como pela sua neurose e dilemas existenciais. São várias as obras da sua autoria publicadas pela Assírio & Alvim, entre as quais se encontram A Confissão de Lúcio e Céu em Fogo.

sexta-feira, maio 14

Heidegger e um Hipopótamos chegam às portas do paraíso


Através da Filosofia (e de piadas!), explica-se a Vida, a Morte,
 a Vida depos da Morte e todos os entretantos.

Morte. A grande M. tem cativado, obcecado, fascinado o Homem desde o início dos tempos, e grandes pensadores como São Paulo, Schopenahuer, Descartes, Dylan Thomas, Platão e Peggy Leel tentaram tudo para a explicar, desde anjos até zombies, entre outras coisas. Desta vez os nossos destemidos autores propõem-nos explicar a história de como encaramos a morte, e de como é que abraçamos a vida, e revelar se sempre é verdade que existe uma vida para além da morte. Não há melhores guias que Thomas Cathcart e Daniel Klein.

Grandes pensadores sobre a vida e a morte:
«Vive de fomra a que o teu maior desejo seja viver outra vez, pois, quer queira quer não, viverás novamente!» Friedrich Nietzsche sobre o Eterno Retorno.

«Óptimo! Lá vou teu ter de aguentar a patinagem no gelo outra vez.» Woody Allen.

«Só há um problema filosófico verdadeiramente sério: é o suicidio». Albert Camus

«O suicidio é a nossa maneira de dizer a Deus "Não me podes despedir, eu desisto!"» Bill Maher

HEIDEGGER E UM HIPOPÓTAMO
chegam às Portas do Paraíso
AUTORES: Thomas Cathcart e Daniel Klein
EDITORA: Dom Quixote
Data de edição: Abril de 2010

quarta-feira, maio 12

Porque o pensamento é um rendado de emoções feito em palavras...


Tudo a postos para mais uma Conversa entre Pais, já no próximo sábado, 15 de Maio, pelas 14h30.
O mote para a conversa é
 "...........................................
.... sabes o que estou a pensar!?"
- Comunicar/imaginar
- O mundo interno
- Neuroses e psicoses.
e estão todos convidados (pais, avós, tios, padrinhos, amigos, educadores, animadores, estudantes ou interessados nestes assuntos) a participar. Porque o pensamento é um rendado de emoções feito em palavras, há que as cuidar para que não se desmanchem.
Venham e tragam as vossas experiências, dúvidas e anseios que gostassem de partilhar. Ou venham, simplesmente, ouvir.
A ENTRADA é LIVRE (inscrição gratuita).
Qualquer dúvida não hesitem em nos contactar!

segunda-feira, maio 10

O MUSEU DA INOCÊNCIA, de Orhan Pamuk


O Museu da Inocência é uma história de amor, passada em Istambul, entre a Primavera de 1975 e os últimos anos do século XX, e conta a história da paixão obsessiva do herdeiro de uma família rica, Kemal, por uma prima afastada, Füsun, de um meio social menos favorecido. Kemal está noivo da filha de umas das famílias da elite istambulense, mas a sua paixão por Füsun floresce até à esplenderosa festa que oficializa o noivado de Kemal com Sibel. Durante todo esse tempo, Kemal começa a coleccionar objectos pessoais e outros que lhe fazem lembrar a sua amada, desde um brinco ou um gancho de cabelo até bilhetes de cinema, procelana ou mesmo as beatas de cigarros que Füsun fuma. Estes objectos são simultaneamente um fetiche e uma crónica daquele seu amor, um mapa de sinaisde todos os sítios onde estiveram juntos. Com o tempo, esta compulsão de coleccionador acabará por dar origem a um verdadeiro monumento, um museu que também permite explorar um Istambul meio ocidental e meio tradicional, a sua emergente modernidade e a sua vastíssima história e cultura.

Orhan Pamuk nasceu na Turquia, em 1952. Começou por estudar Arquitectura, mas acabou por se licenciar em jornalismo pela Universidade de Istambul, profissão que nunca exerceu. Grande estudioso e leitor insaciável, escreve desde os 23 anos, uma actividade que o tornou conhecido em mais de 50 países e lhe valeu inúmeros prémios e distinções. Em 2006 foi agraciado com o Novel da Literatura. Orhan Pamuk começou a escrever O Museu da Inocência em 2002 e fez dele também uma homenagem a Proust, um dos autores que mais o influenciaram.

O MUSEU DA INOCÊNCIA
AUTOR: Orhan Pamuk
EDITORA: Editorial Presença
Data de edição: Maio 2010

quinta-feira, maio 6

É já este sábado...

Em Maio vamos ter....


agenda Maio
exposição"Recantos", exposição de fotografia de Gilberto Ginja
De 7 a 23 de Maio.

hora do conto
Animação da história infantil “A Mãe Galinha”
Animadora: Liliana Gonçalves
data: sábado . 8 de Maio .16h30

conversas entre pais
“................ sabes o que estou a pensar?”
- Comunicar/imaginar; o mundo interno; neuroses e psicoses.
Moderação: “João Lázaro Clínica de Psicologia
* inscrição prévia.
data: sábado . 15 de Maio . 14h30

comunidade de leitores
Comunidade de Leitores Alma Azul/ Livraria Arquivo
O Tempo e a Leitura
“Eu não sou eu nem sou o outro” - Mário de Sá-Carneiro
Apoio: Academia de Cultura e Cooperação de Leiria
data: quinta . 20 de Maio .18h30

exposição bd
“Histórias2”
Conversa com ilustrador e exposição de escultura e banda desenhada por alunos do 12.º H da Escola Secundária Francisco Rodrigues Lobo (espaço cafetaria até 31 de Maio).
Data: segunda . 24 de Maio .15h

curta metragem
“Erro de Produção” - apresentação pública de curta metragem, por alunos do 12.º H da Escola Secundária Francisco Rodrigues Lobo.
A exposição e instalação vídeo estará patente de 24 a 31 de Maio
Data: quarta . 26 de Maio .18h30

à conversa com
À conversa com... Inês de Barros Baptista
a propósito do livro “Morrer é só não ser visto”
Falar do luto de coração aberto
data: quinta . 27 de Maio .18h30

apresentação
Apresentação do livro “Olhares Montanheiros”,
de João M. Gil e Nuno Verdasca
data: sábado . 29 de Maio . 17h30

De 29 de Maio a 6 de Junho estaremos também na Feira do Livro de Leiria, na Praça Rodrigues Lobo.
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Programação da
LIVRARIA ARQUIVO
O Instituto Politécnico de Leiria apoia a agenda cultural da Livraria Arquivo.
Apoios: Te-ato, grupo de teatro de Leiria; Portal Orelhas.

Livraria Arquivo
horário : segunda a sábado:10h-20h30
domingos e feriados: 14h30-19h30

terça-feira, maio 4

VIDAS, de Maria Filomena Mónica

MARIA FILOMENA MÓNICA aborda aqui, mais uma vez, o género biográfico, depois dos seus Cesários Verde e Fontes Pereira de Melo, para além da sua própria autobiografia, Bilhete de Identidade, Memórias 1943-76, todos publicados pela Alêtheia Editores.

Plémica, a autora pretendeu «demolir heróis, esquadrinhar as suas vidas, desvendar sentimentos». Dividido em duas partes, o século XIX e o século XX, este livro recupera textos sobre personagens tão díspares comoa burguesa família Dabney, do Faial, os reis D. pedro V e D. Luís, o capitalista conde de Burnay, os «Vencidos da Vida» ou os operários do têxtil, passando depois a retratar os casos reais de um menor em risco e de uma imigrante em Inglaterra, e acabando com uma série de perfis masculinos, entre os quais o papa Bento XVI, o reu Juan Carlos, Clint Eastwood, José Sócrates, Francisco Louçã e Aníbal Cavaco Silva. 

VIDAS
Biografias, Perfis e Encontros
AUTOR: Maria Filomena Mónica
EDITORA: Aletheia
Data edição: Abril 2010